Autor(es): Sandra T. Valadas, Fernando R. Gonçalves, & Maria de Lurdes Cabral
Edição: Universidade do Algarve, 2007
Objetivo: O ASSIST foi concebido por Entwistle e colaboradores para avaliar as diferenças individuais nas abordagens à aprendizagem de estudantes do ensino superior, assumindo-se como o instrumento mais utilizado internacionalmente para avaliar o constructo. A primeira versão (Tait & Entwistle, 1996) integrava 38 itens e pretendia avaliar quatro abordagens ao estudo, bem como a aptidão académica (definida como a autoconfiança académica): Profunda (intenção de compreender, relacionar ideias, uso de dados e aprendizagem ativa), Superficial (intenção de reproduzir, falta de compreensão, aprendizagem passiva e medo do fracasso), Estratégica (estudo organizado, gestão do tempo, atenção às exigências de avaliação e intenção de atingir a excelência), e Apática (ausência de objetivos e de interesse). A investigação subsequente sugeriu a inclusão de uma subescala de colaboração, que captava o desejo dos estudantes de discutirem com os seus pares, na Abordagem Profunda; a Abordagem Estratégica passou a integrar a subescala monitorização da eficácia, relacionada com a metacognição e a autorregulação da aprendizagem; a Abordagem Superficial foi designada de Superficial Apática, colocando maior ênfase no estudo ineficaz; por fim, foi introduzido um conjunto de outras subescalas que os autores designaram de “motivos relacionados” (estratégias de aprendizagem, motivações e intenções que contribuem para as escalas). A versão mais recente (Tait, Entwistle, & McCune, 1998) avalia as abordagens à aprendizagem por referência a três dimensões ou escalas distintas: Profunda, Estratégica e Instrumental (sendo que esta última aparece por vezes definida como Superficial Apática, cf. Tait e colaboradores, 1998). O inventário é formado por três secções: i) o que é aprender? – conceções de aprendizagem (6 itens) reprodutiva e compreensiva; ii) abordagens ao estudo (52 itens, existindo uma versão mais reduzida de 18 itens) integrando 3 escalas com 4 ou 5 itens cada (Profunda — escala AP, Estratégica — escala AE e Superficial Apática — escala ASA) e decorrentes da combinação de 13 subescalas (com 4 itens cada); iii) preferências dos estudantes relativamente a diferentes tipos de ensino (8 itens) que indicam dois fatores latentes relativos a suporte da compreensão e transmissão de informação. Por fim, uma última questão refere-se ao rendimento académico (escala de 1 (bastante mau) a 9 (muito bom)), em que o estudante é questionado sobre o seu aproveitamento e desempenho com base não só na sua auto-percepção, mas também no feedback recebido ao longo do semestre.
Estudos de validação: Os indicadores de precisão e validade são favoráveis à sua utilização na investigação sobre as abordagens ao estudo de estudantes do ensino superior, apesar de alguns problemas recorrentes no que se refere a duas das subescalas do ASSIST. De referir também o facto de os resultados da consistência interna dos itens ao nível das 13 subescalas se situar frequentemente no limiar exigido ou ligeiramente abaixo – quando tais subescalas se agrupam nas três escalas usualmente consideradas na análise do inventário, os coeficientes mostram-se já claramente favoráveis à precisão dos seus resultados. Os resultados da análise fatorial exploratória e confirmatória das subescalas vão no sentido do modelo teórico subjacente, replicando-se as três dimensões usuais na investigação nacional e internacional: Abordagem Profunda, Abordagem Superficial Apática e Abordagem Estratégica. De acrescentar que a generalidade das subescalas saturam apenas na escala a que pertencem, ocorrendo ainda uma correlação acentuada e positiva entre as pontuações dos estudantes na Abordagem Profunda e na Abordagem Estratégica, podendo tal correlação indiciar um fator mais geral de segunda ordem agregando estas duas dimensões, o que tem sido também defendido por alguns autores.. Ainda assim, futuras investigações devem esclarecer as dificuldades de precisão e de vinculação dimensional de algumas das subescalas, assim como uma eventual estrutura hierárquica na organização das três abordagens agrupando as abordagens profunda e estratégica num fator mais geral de segunda ordem.
Pormenores técnicos: A resposta aos itens é feita numa escala Likert de cinco pontos, graduando o seu nível de acordo e desacordo. As pontuações para as 13 subescalas resultam da soma das respostas individuais aos itens; as pontuações para as 3 escalas (abordagens) resultam dos valores obtidos nas subescalas que as constituem. A aplicação pode ser individual ou coletiva, situando-se o tempo de aplicação em torno dos 25 minutos. O ASSIST é de livre utilização, mediante o pedido de autorização aos autores do instrumento (original e/ou versão nacional).
Contacto: svaladas@ualg.pt
Referências bibliográficas
Diseth, A. (2001), Validation of a Norwegian version of the Approaches and Study Skills Inventory for Students (ASSIST): Application of structural equation modelling”, Scandinavian Journal of Educational Research, 45(4), 381-394.
Entwistle, N., McCune, V., & Tait, H. (2013). Approaches and study skills inventory for students: Report of the development of the inventories. Disponível em: http://www.researchgate.net/publication/260291730_Approaches_and_Study_S…(ASSIST)
Long, W. F. (2003). Dissonance detected by cluster analysis of responses to the Approaches and Study Skills Inventory for Students. Studies in Higher Education, 28, 21-36
Tait, H., Entwistle, N. J., & McCune, V. (1998). ASSIST: A reconceptualisation of the Approaches to Studying Inventory. In C. Rust (Ed.), Improving students as learners. Oxford: Oxford Brookes University, The Oxford Centre for Staff and Learning Development.
Valadas, S., Gonçalves, F. R., & Faísca, L. (2010), Approaches to studying in higher education Portuguese students: A Portuguese version of the Approaches and Study Skills Inventory for Students. Higher Education, 59, 259-275.